O que é hipnose?

Falar desse tema de forma profunda pode ser um tanto quanto complicado para qualquer hipnotista, pois nunca existiu um consenso geral sobre o que é hipnose. Ainda hoje existem inúmeros conceitos e teorias para explicar hipnose; e se nós quisermos aprofundar nesse tema para entender como essa ferramenta mágica funciona, temos que velejar por vários deles, vamos nessa?

Claramente ela é uma ferramenta muito antiga, e assim como a arte, ciência, medicina e psicologia, ela está enraizada no desenvolvimento da própria civilização; podemos ver registros disso nos templos de sono dos gregos, romanos e egípcios.

Os primeiros relatos que temos dos usos da hipnose foi no século 18 com Franz Anton Mesmer (1734-1815), um médico que buscava formas melhores de fazer as coisas, ele acabou desenvolvendo o seu trabalho através da ideia da existência de um campo animado ou força vital.

O princípio defendido por ele era que a boa saúde estava ligada ao fluxo livre dessa força através de milhares de canais de nosso corpo, e as doenças seriam a obstrução desse campo, logo para resolver o problema a pessoa poderia ser tratada por um condutor de “Magnetismo Animal”.

O fim de Mesmer não foi dos melhores: acabou como um charlatão quando Benjamin Frankly o contrapôs, afirmando que o que curava as pessoas era a própria mente delas. Mesmer foi banido do reino e acabou morrendo pobre.

O termo hipnose veio logo em seguida com o médico James Braid (1795-1860), o pai do termo. Ele descobriu a hipnose em um dia comum quando disse para um paciente: “Já vou lhe atender, enquanto isso olhe essa luz por alguns minutos”.

Ele acabou se esquecendo do paciente na recepção, que aguardou olhando para a luz por vários minutos. Quando voltou encontrou o homem em estado de hipnose.

Ele percebeu a semelhança entre sua prática e o estado que Mesmer descrevia em seus relatos e passou a usar fixação de olhar para induzir seus pacientes a não conseguirem abrir os olhos.

Preferiu chamar seu trabalho de hipnose por considerar o termo mesmerismo sujo, e após estudar mais sobre esse estado tentou adequar o termo para monoideísmo (estado psicológico em que prevalece uma única ideia), porém o termo hipnose já havia se popularizado. A sua crença sobre hipnose era que entrar em transe era focar apenas em uma ideia.

Hippolyte Bernheim (1840-1919) foi também um médico que quebrou muitas barreiras para hipnose por afirmar que o estado defendido por Braid era fruto da sugestão, ou seja, a sugestão quem estabelecia a hipnose.

Depois disso a hipnose foi mais vista como algo ao qual o participante é responsável pela realização do processo, afirmando o fato que toda hipnose é uma auto-hipnose.


Um conceito muito conhecido sobre hipnose é o de Dave Elman (1900-1967) que estudou bastante Bernheim, Libeault e Braid. Certa vez Elman observava um amigo da família ajudando o seu pai, que tinha câncer e sofria muito com dores, e se surpreendeu ao ver o pai sorrindo logo após uma sessão de hipnose, coisa que não acontecia frequentemente, o que lhe despertou o interesse para aprender mais sobre o tema.

Elman chegou a ensinar mais de 10.000 médicos. Ele acreditava que a hipnose é um estado da mente no qual se ultrapassa a faculdade crítica do ser humano e o pensamento seletivo é estabelecido.

Também acreditava na existência de uma barreira entre a mente consciente e inconsciente chamada faculdade crítica, e a hipnose seria a ferramenta usada para ultrapassar essa barreira e acessar o inconsciente, estabelecendo uma sugestão ou comando.

Milton Erickson (1901-1980), um dos nomes mais conhecidos no meio da hipnose, foi um médico psiquiatra que tinha uma visão muito diferente dos médicos mencionados. Ele dizia que hipnose é um estado de consciência especial caracterizado por uma receptividade a ideias.

Erickson causou uma mudança na maneira de se enxergar a hipnose, e ao final de sua carreira parecia estar simplesmente conversando com seus pacientes.


Um conceito muito atual é do James Tripp: hipnose é o uso da linguagem para alterar realidades. Esse é um conceito que mais gosto, pois a linguagem aqui está como o ingrediente principal para a efetividade da hipnose.

E agora que nós conhecemos algumas teorias para explicar hipnose, vamos categorizar essas teorias.

Hoje em dia dividimos as teorias para explicar hipnose em dois grupos, as teorias de estado e não estado.

As teorias de estado defendem que hipnose é um processo onde a pessoa acessa esse estado de transe que está ligado ao rebaixamento das ondas cérebrais.

Já as teorias de não estado vão dizer que as ações realizadas sob hipnose podem ser explicadas como uma relação social entre o hipnotista e o participante “representando” suas partes como sugerido, e para isso o hipnotista usa do contexto social e expectativa para criar a ideia da hipnose, embora o sujeito possa experimentar este comportamento com uma sensação de involuntariedade. Ou seja a hipnose na teoria de não estado é vista como um comportamento.

Percebo que todos os conceitos estão de certa forma corretos, já que usamos o termo hipnose para descrever um monte de fenômenos que acontecem de formas diferentes um do outro, porém realmente não acredito na existência específica de um estado especial para hipnose.

Hoje em dia a minha visão da hipnose é um pouco mais ampla. Acredito que a hipnose está em tudo que se possa ter linguagem e comunicação.

Nessa perspectiva, a minha realidade é por si só hipnótica, já que precisamos traduzir todo o tempo o mundo em linguagem e comunicação, até mesmo para pensarmos, já que estamos usando o mesmo processo.

Tendemos a acreditar que o mundo a nossa volta é a realidade, mas sempre o nosso contato com a realidade será limitado a nossa percepção.

Tudo não passa de uma ilusão de nossos sentidos, e para ilustrar isso imagine como um morcego enxerga o mundo e se pergunte: a ilusão dele sobre o mundo está mais próxima da realidade ou a sua?

Nosso cérebro cria a matrix e todo o tempo passamos por processos hipnóticos, eles são tão comuns que não percebemos a ação deles no nosso dia-a-dia.

E para fortificar essa visão, vou citar exemplos de acontecimentos do dia-a-dia que podem ser comparados com fenômenos hipnóticos. Por exemplo, já notou que temos um mecanismo para facilitar o esquecimento de problemas e coisas irrelevantes para desocupar nossa mente? Usamos o mesmo processo mental para esquecer temporariamente o próprio nome.

Nós alucinamos quando estamos apressados e não conseguimos encontrar alguma coisa que está em nossa frente, você procura a chave de casa dentro da gaveta, confirma que não estava lá, e minutos depois volta a gaveta e a chave estava o tempo todo ali, na sua cara! Essa alucinação pode ser uma pessoa que vê o ídolo no lugar de enxergar o amigo.

Ou seja, tudo que acontece na hipnose, pode acontecer também fora dela.

O trabalho do hipnotista é fazer a mente processar aquilo que o cliente deseja em busca de uma mudança, ou para usar os mecanismos da mente para entreter.

Obviamente a pessoa precisa querer passar pela experiência para que a influência hipnótica aconteça.

Porém, não é necessário um processo formal de hipnose para inserir informações em nossa mente; temos a mídia que pode comprovar isso, pois todos os dias ela hipnotiza milhares de pessoas com informações que ela quer que seja processada; repetindo exaustivamente o mesmo comando.

A hipnose, então, é vista como um processo mais natural do que pensamos e mais natural do que se imagina, hipnose acontece o tempo todo para o seu bem ou para o seu mal.

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